Intolerância entre médicos e síndromes correlatas: como falar da dignidade?


Ontem fui banido de um grupo fechado, composto por médicos, no Facebook.
Meu "crime"?
A seguinte postagem:

Algumas horas após a publicação do texto acima, antes de meu exílio, surgiram respostas cujo teor é facilmente perceptível: "ódio pode ser um sentimento muito saudável", "o PT está para os médicos como o nazismo está para os judeus", "o PMDB com toda sua corrupção e sua máquina criminosa é infinitamente melhor que o PT", para ficar em poucos exemplos. A essas primeiras respostas tive a oportunidade de contra-argumentar.

Antes de ser banido, eu disse que o ódio não nos faria melhor que quaisquer pessoas cujas ações repudiamos, sejam elas ditadores comunistas, fascistas, nazistas, extremistas islâmicos e afins, e que, se desejamos um país politicamente melhor, devemos combater o bom combate, transformando o eventual ódio que nos acomete em atitudes saudáveis (até porque tenho consciência que nossa natureza humana decaída nos propicia ódio em algum momento; alimenta-lo, por outro lado, sempre é uma opção).

Citei, entre outras atitudes saudáveis para mitigar o ódio, a disposição para lutar através dos meios legalmente estabelecidos e o criticismo construtivo. Enfatizei, ainda, que penso a gênese dos problemas em nosso país estar atrelada a um câncer cultural egoísta, que independe de siglas partidárias. Portanto, não seria derrubando o partido "X" e alocando o partido "Y" no poder que solucionaríamos todas as equações.  

Rebateram-me novamente e perguntaram-me "Quem foi que disse que o ódio às vezes não é um sentimento bom e muito importante? Em que se baseia essa sua teoria?". Respondi que tratar o ódio com o bem é um ensinamento bíblico. Pode, inclusive, ser encontrado em mais de um livro das escrituras (Provérbios 25:21-22, Romanos 12:20).

Trataram-me como um verdadeiro herege quando citei a Bíblia, como se fosse um absurdo utilizar uma fonte histórica em minha argumentação. Luiz Sayão, hebraísta (mestrado pela USP), afirma que os escritos bíblicos  não são livros de ensinos religiosos abstratos, pois podem ser compreendidos historicamente.

O moderador do grupo "Dignidade Médica" é um sujeito que chamarei aqui de MMT (sigla para Moderador da Meia Tigela). Ele, sem conhecer praticamente nada a respeito de minha pessoa, escreveu o seguinte, após efetuar minha exclusão do debate:


Honestamente, sair do "Dignidade Médica" não trará nenhum prejuízo relevante à minha vida ou à minha carreira como médico. O que me motivou a escrever hoje no blog foi a ação covarde de MMT. Ressaltar o perfil desse indivíduo não é preciso, pois o que ele escreve fala por si e denuncia sua atual pequenez humana. Mas quando MMT fala inverdades sobre alguém (eu, neste caso) que ele mesmo já privou do direito de resposta em seu grupinho, isto me parece baixo ao extremo.

Não sei o que MMT considerou perigoso em minha postura, mas se ele acha que na vida real basta apertar um delete aqui e outro lá para afastar as opiniões diferentes de suas próprias, a intenção deste texto é mostrar que ele se engana. Aliás, caiu como uma luva a entrevista com o sociólogo Zygmunt Bauman que tive oportunidade de ler ontem no El País*, transcrita parcialmente aqui:

Pergunta do jornal - As redes sociais mudaram a forma como as pessoas protestam e a exigência de transparência. Você é um cético sobre esse “ativismo de sofá” e ressalta que a Internet também nos entorpece com entretenimento barato. Em vez de um instrumento revolucionário, como alguns pensam, as redes sociais são o novo ópio do povo?

Resposta de Bauman - A questão da identidade foi transformada de algo preestabelecido em uma tarefa: você tem que criar a sua própria comunidade. Mas não se cria uma comunidade, você tem uma ou não; o que as redes sociais podem gerar é um substituto. A diferença entre a comunidade e a rede é que você pertence à comunidade, mas a rede pertence a você. É possível adicionar e deletar amigos, e controlar as pessoas com quem você se relaciona. Isso faz com que os indivíduos se sintam um pouco melhor, porque a solidão é a grande ameaça nesses tempos individualistas. Mas, nas redes, é tão fácil adicionar e deletar amigos que as habilidades sociais não são necessárias. Elas são desenvolvidas na rua, ou no trabalho, ao encontrar gente com quem se precisa ter uma interação razoável. Aí você tem que enfrentar as dificuldades, se envolver em um diálogo. O papa Francisco, que é um grande homem, ao ser eleito, deu sua primeira entrevista a Eugenio Scalfari, um jornalista italiano que é um ateu autoproclamado. Foi um sinal: o diálogo real não é falar com gente que pensa igual a você. As redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia… Muita gente as usa não para unir, não para ampliar seus horizontes, mas ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de conforto, onde o único som que escutam é o eco de suas próprias vozes, onde o único que veem são os reflexos de suas próprias caras. As redes são muito úteis, oferecem serviços muito prazerosos, mas são uma armadilha.

(*para quem quiser ler essa entrevista na íntegra: 
http://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/30/cultura/1451504427_675885.html)

Por tudo isso, o apelido que conferi ao moderador do grupo "Dignidade Médica" cabe muito bem a ele. MMT é um cara que não consegue dialogar, só consegue aceitar a metade da tigela que se parece com ele e que sacia seus limitados pensamentos.

Escolhi não mostrar o verdadeiro nome de MMT nesta publicação, pois prezo pela dignidade do outro. E também porque não sei se MMT seria corajoso o suficiente para lê-la até o final.

Para concluir, falando em dignidade, segundo o filósofo Immanuel Kant, ela é o valor do qual se reveste tudo aquilo que não tem preço, que não é passível ser substituído por um equivalente; trata-se a dignidade de uma qualidade inerente aos seres humanos enquanto entes morais e éticos. Pergunto: médicos que admitem a possibilidade de o ódio ser um "sentimento bom" possuem em si a dignidade como virtude?

E o que essa conversa de hoje tem a ver com saúde? Afinal, para falar sobre saúde este blog foi criado...

Deixo os questionamentos em aberto, disponíveis para qualquer um dos amigos leitores que estiver disposto a tentar responde-los. Desde que estejam prontos para um debate saudável de ideias, garanto que daqui ninguém será banido.

Comentários

  1. A imagem inicial da postagem foi obtida livremente em:
    http://2.bp.blogspot.com/-5LAs8q9tMj8/TphjM7NzkgI/AAAAAAAAAM8/NnTHO3e7xRs/s1600/dignidade_ant.png (acesso em 10 jan. 2016).

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  2. Sua colocação foi tão perfeita que até nos priva de mais comentários! Que lamentável! Acho que quem ganhou nessa história foi você, se privando em ver repetidas cenas como essa. A propósito, me interesso muito pela sua "leitura superficial" dessa Bíblia! Parabéns!

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    1. Obrigado pela participação no blog, Jaqueline Castro! E foi muito bom já ter participado com você e sua família de estudos bíblicos. Faço votos que nossos anseios pela profundidade das coisas, inclusive da Bíblia, continuem prevalecendo. Abraços.

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    2. É bom saber que existem pessoas como você na classe médica, com um pensamento elevado e cristão. Que Deus o proteja sempre contra as forças do mau que se queimam quando o bem se destaca. Seu episódio me fez lembrar uma psicóloga cristã que quase teve sua licença cassada pelo conselho de psicologia, por expressar e defender sua fé nas redes sociais. Justiça Divina foi feita pois um juiz anulou o seu processo de cassação. Que Deus o abençoe e proteja sempre.

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  3. Já o admirava profissionalmente agora o admiro como pessoa.
    Abraços

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    1. Marquinhos Campolino, agradeço pela admiração e espero continuar fazendo jus a ela. Obrigado pela participação neste blog! Abraços.

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  4. Grande Brunão. Vivemos em um mundo de muito desequilíbrio. Onde temos a intolerância como irmã gêmea de nossos sentimentos há centenas de anos. Apenas o amor e a união resolverão nossas dores. Paz e bem meu irmão.

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    1. Pedrão, obrigado por sua ilustre visita neste espaço!
      Acho que você foi muito feliz em sua citação do amor e da união para tentarmos resolver nossas dores. Gostaria de lhe deixar um adendo que li por esses dias:

      "(...) a célula cancerosa, tal como os homens, acredita num exterior independente dela. Essa crença é mortal. O antídoto para ela chama-se amor. O amor nos torna perfeitos, visto que abre as limitações e permite a entrada do outro para que haja uma união. Quem ama não coloca o próprio eu em primeiro plano, mas vive uma grande totalidade."
      (Thorwald Dethlefsen e Rüdiger Dahlke; in: A doença como caminho)

      Grande abraço, irmão!

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    2. Belas palavras, meus amigos!
      Saudades, Pedrão!

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  5. Prezado Bruno: aproveito a oportunidade de seu espaço (logo após tomar conhecimento desse ocorrido, conforme teu relato - deprimente) para aqui também apresentar minha visão particular sobre o SUS, onde trabalho com exclusividade! Abç !!

    ==>> O SUS está sendo sabotado, dia após dia, pelos médicos-políticos que chegaram ao congresso financiados pelos interesses ligados aos planos de saúde e hospitais privados, laboratórios multinacionais e indústrias biomédicas.

    O SUS não financiou a chegada desses nossos "colegas" ao congresso, e portanto temos aí uma explicação para o vácuo INfértil de suas participações nas comissões médicas (do congresso) com relação:

    # à Carreira de Estado para Profissionais da Saúde, que NÃO AVANÇA !!

    # à INACREDITÁVEL letargia associada ao "desenvolvimento" do e-SUS (informatização do SUS) que insiste em NÃO ACONTECER !!

    # E também com relação ao vácuo no aprimoramento da legislação e financiamento do SUS, essa NOBRE "criatura parida" pelas mãos dos deputados constituintes que promulgaram a Constituição Federal de 1988.

    ______________________________

    Outra coisa...

    Como é que o Congresso (e nosso governo, assim como a oposição) nunca abordam o tema: Auditoria Cidadã da Dívida Pública ???

    Essa AUDITORIA está prevista em NOSSA Constituição Federal de 1988 !! Desde 1988 !!!

    Estamos abrindo mão de um abatimento de +/- 70% no valor da tal "dívida"...

    A auditora aposentada da Receita Federal, Maria Lucia Fattorelli, participou ativamente da Auditoria Equatoriana e repete exaustivamente as semelhanças legais (e principalmente ilegais) entre a nossa dívida e aquela, onde conseguiram facilmente abater 70% de seu valor !
    ...E 95% dos credores aceitaram imediatamente as novas condições apresentadas pelo grupo que AUDITOU aquela dívida.

    #AuditoriaCidadãDaDívidaPública, JÁ !!
    #MariaLuciaFattorelli

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    1. Caro Fábio, o espaço está aberto aqui para você expressar suas ideias e opiniões. Seja bem-vindo e não se preocupe com meros detalhes, como as crases, se o conteúdo do que escreve é enriquecedor.
      Sobre o SUS tem coisa para falar, hem!? Acho melhor uma outra postagem. Mas para sintetizar minha opinião: acho que o principal motivo para não avançarmos mais é o fato de ainda existir em nosso país um abismo educacional separando a minoria letrada das pessoas que não têm acesso a uma educação capaz de desenvolver o senso crítico. Já imaginou se a Carta Magna fosse objeto das aulas do ensino fundamental e, desde a tenra infância, nossas crianças compreendessem, de verdade, que saúde é direito de todos e dever do Estado?
      Por enquanto ainda é uma utopia, infelizmente, querermos falar de auditoria cidadã da dívida pública no Brasil, pois a maioria dos cidadãos não se reconhece como tal, tampouco faz ideia do que seja uma auditoria.
      Bom, sigamos remando contra a corrente do câncer egoísta que citei na postagem. Não me admito ser levado pela corrente do senso comum e da intolerância.
      Um abraço.

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  6. Obs: tenho sinceras dúvidas quanto à crase que coloquei acima, ao lado do segundo #...

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  7. Caro Bruno.
    A "razão" encara quaisquer situações, sempre, com equilíbrio e prudência.
    Toda ideia expressada por palavras ou outros meios de divulgação lançada imediata sem raciocínio e bom senso pode trazer transtornos, às vezes, irreparáveis.
    Particularmente, acredito que seja muito importante o diálogo. Obviamente, algumas individualidades, não admitem essa possibilidade por sentirem-se feridas em seu orgulho e vaidades. O homem inteligente admite as diferenças, inclusive, as ideológicas. Cada um possui sua moral (formação na essência que se forja desde o nascimento em contato com os variados grupos de afinidad). Dessa forma, sabemos que temos pontos de vistas divergentes.
    Caso eu tivesse uma capacidade sobre-humana, desejaria extirpar, exatamnte, a intolerância.
    A intolerância é, talvez, o embrião de tudo que estamos atravessando no Brasil e, também, no planeta (lutas tribais, religiosas, pelo poder, pelo petróleo, ...).
    Fico muito preocupado lendo a frase: "o mundo precisa de mais intolerância...".
    Não seria melhor: "o mundo precisa de pessoas mais inteligentes? o mundo precisa de mais comprometimento? o mundo precisa de mais caridade? o mundo precisa de mais seriedade?...". Atrevo-me a dizer: "o mundo precisa de mais calma, amor, equilíbrio e de Jesus". Sim, nosso Dr. de almas, certamente se lhe fosse inquirido sobre o tema, creio que não nos incitaria a intolerância.
    O tema é complexo, mas, posso desabafar e dar uma sugestão de um "velho" que te admira muito? Receba os insultos, sua exclusão do grupo, as críticas sem fundamentos inteligentes como incentivo à luta pelos relacionamentos com pessoas à altura de bons debates e percevere na missão. Observe que, muitas vezes, as verdades precisam ser combatidas, justamente, por aqueles que pregam a intolerância.
    Gostei muito de sua publicação e, também, mesmo NÃO PARTICIPANTO DE REDES SOCIAIS, junto-me aos que postaram comentários e incentivos à você.
    Parabéns.
    William Amaral.

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    1. Caro Major William, grato lhe sou por seus encorajamentos e porque o sr. se tornou para mim, desde que nos conhecemos, um militar cuja postura pretendo seguir por toda minha carreira na Força e um homem cujos valores admiro reciprocamente. Não me atreveria a chama-lo de "velho", não apenas por respeito, mas porque velho é somente aquele cujos sonhos já morreram.
      Os questionamentos levantados em seu comentário são perfeitos. Faço votos que o MMT e seus afins possam refletir sobre eles um dia e, quem sabe, pratica-los.
      Grande abraço

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  8. Caro Bruno, não se incomode com pessoas como o MMT. A filósofa Marcia Tiburi, escreveu um livro intitulado "Como conversar com um fascista". Lá ela menciona o filósofo alemão Theodor Adorno que define a diferença entre o indivíduo ignorante e o "burro" (sim, ele usa o termo "burrice" na sua obra). O ignorante é aquele que não tem conhecimento sobre algo, mas está aberto a conhecer mais sobre este algo. O "burro" é aquele que tem seus dogmas, suas "verdades", e não admite nenhum tipo de contestação ou questionamento. Ou seja, o burro não está aberto à reflexão, ao diálogo e ao questionamento. Ele "sabe" e pronto. Infelizmente, o MMT se encaixa perfeitamente neste perfil e com ele a argumentação não acontece. Ele simplesmente te censura. Outras formas pelas quais os burros enfrentam a divergência incluem os gritos e xingamentos e, no limite, a violência física. Por isso, concordo com você quando diz que não está perdendo nada por ter sido excluído de um grupo moderado por um MMT. Abraço, Mário Coutinho.

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    1. Caro Mario Coutinho, obrigado por sua contribuição neste blog, participando com um comentário muito pertinente, afinal, a linha que separa duas coisas tão parecidas, mas ao mesmo tempo tão diferentes, é bastante tênue. Para conseguir enxerga-la, pessoas como o MMT precisarão ler mais de Sócrates e de Platão.
      Um abraço

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  9. Meu amigo, Bruno!! Parabéns por compartilhar, sem medo e com muita dignidade, seu posicionamento! : )
    As vezes acho que nossa sociedade ainda não percebeu o quão perigoso é alimentar posturas tão intolerantes! Não é difícil imaginar ações mais extremas...unindo isso a todo movimento que ocorre mundialmente, não me surpreenderia com uma terceira guerra...
    Será que somos tão limitados assim? Será que nosso legado será tão pequeno?
    Estou cada vez mais reflexiva sobre essas questões, mas sem perder a esperança, o interesse em compreender e a disposição em perdoar, ter compaixão!
    Um beijo com saudades!

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    1. Querida amiga Thaís, acredito (e continuarei acreditando) que há muitas pessoas no mundo que tentam superar essas limitações, tão naturais quando nos acomodamos. Pessoas como você, e diversas outras que tenho a felicidade de conhecer, me enchem de esperança e me motivam a seguir adiante com minha "tolice utópica" (é verdade, já fui rotulado por tolo diversas vezes devido minhas "posturas perigosas"). E saber que hoje o Ministério da Saúde conta com gente com seu perfil é um bom exemplo para continuar esperançoso e trabalhando honestamente dia após dia.
      Beijão

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  10. É bom saber que existem pessoas como você na classe médica, com um pensamento elevado e cristão. Que Deus o proteja sempre contra as forças do mau que se queimam quando o bem se destaca. Seu episódio me fez lembrar uma psicóloga cristã (Marisa Lobo)que quase teve sua licença cassada pelo conselho de psicologia, por expressar e defender sua fé nas redes sociais. Justiça Divina foi feita pois um juiz anulou o seu processo de cassação. Que Deus o abençoe e proteja sempre.

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    1. Verdadeiros cristãos podem estar certos que serão perseguidos neste mundo, não é mesmo Renata? Mas mesmo que andemos pelo vale da sombra e da morte, temos no Senhor porto seguro, rocha inabalável e esperança absoluta.
      Que a luz de Cristo brilhe através de nossas vidas enquanto durar nossa peregrinação por aqui.
      Abraços

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