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Mostrando postagens de fevereiro, 2016

Nos bastidores do pânico e dos corações acelerados

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Para falar sobre os corações acelerados, ou em pânico, começarei apresentando uma história real e muito comum em nossos dias. O personagem principal é fictício, embora seja inspirado em milhares de pacientes que visitam as urgências e consultórios médicos rotineiramente. Esta história traz em seu âmago um problema cuja incidência parece estar diretamente associada à impregnação na sociedade de duas doenças chamadas silêncio e incompreensão. Era uma vez uma jovem universitária que, com seus vinte e poucos anos de vida, sentia frequentemente seu coração acelerar, sem causa aparente. Às vezes também parecia ter palpitações e lhe faltava o ar, outras vezes lhe doía o peito. Ela chegou a acreditar que pudesse morrer de infarto devido tais sensações desagradáveis. Preocupada com seus sintomas, que volta e meia se repetiam, a moça decidiu procurar um médico. Este, depois de examiná-la e submetê-la a diversos testes complementares, concluiu que ela estava apresentando ataques de pânico. O mé

A triste geração de pessoas concebidas na era do Zika vírus

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Brasil, ano 2036. Cerca de vinte anos depois da “epidemia” do Zika vírus ter atingido seu auge, o país observava um estrondoso número de casos de depressão entre seus jovens adultos, muito acima da média mundial. Profissionais da área de saúde mental esforçavam-se para compreender a causa da maior prevalência da doença nessa população, mas ainda não havia respostas satisfatórias, a não ser o fato de que nenhuma pessoa com microcefalia estava entre os jovens deprimidos. Duas décadas antes, os brasileiros pagavam o preço pela  negligência em reaproveitar resíduos sólidos do lixo; o descarte à revelia servira como reservatórios de água para a proliferação de insetos transmissores de doenças. O processo de urbanização desorganizado e excludente evidenciava-se em cidades de paisagens contrastantes: de um lado, bairros ricos, luxuosos e limpos, do outro, favelas e afins, cujas condições de saneamento básico remetiam aos pobres guetos dos primórdios da Revolução Industrial. Ainda qu