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Mostrando postagens de 2021

Psoríase na infância: como olhar além da pele?

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A pele é o maior órgão do corpo e tem grande importância para nossa fisiologia. A pele também demarca os limites entre "Eu" e "não Eu", e através dela expressamos diversos estados afetivos, como medo, prazer, raiva e vergonha. É fato, portanto, que não devemos negligenciar os aspectos psíquicos envolvidos nas doenças de pele quando desejamos trata-las intencionando a cura. Partindo dessa premissa, o encontro de Psicossomática Florianópolis disponível no vídeo a seguir propôs uma abordagem ampliada sobre crianças com psoríase, patologia de pele não raro estigmatizante. Convictos de que seu tratamento deve ir muito além da prescrição de corticoides, convidamos colegas interessados no debate dessa proposta a participarem de nosso evento. A abertura se deu com comentários de uma médica pediatra, Raquel Cristina Pelissari, e de uma psicanalista, Roberta Peixoto Manozzo, ambas compartilhando suas percepções e experiências sobre o tema. 0:00 - 10:51 -> apresentação: B

Quando afetos alimentam gastrites

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Afeto é uma palavra cujo significado ordinário seria o sentimento terno que nutrimos por alguém, mas ela pode também ser utilizada para expressar, sem a pretensão de apresentar aqui uma erudita definição, aquilo que nos afeta. Deste segundo tipo de afeto, particularmente daqueles afetos que nos causam aflições, a psicanálise vem se ocupando desde os seus primórdios, quando Freud analisava, estudava e teorizava sobre casos de histeria.  Não costumam nos causar angústia os afetos atrelados a ideias prazerosas. Por exemplo, imaginemos como se afetou o apaixonado torcedor palmeirense ao ver seu time do coração fazer um gol importante, como aquele que o Palmeiras marcou contra o Santos nos últimos minutos da final da Libertadores 2020, valendo ao alviverde o título do torneio continental. Além disso, é relativamente simples reconhecermos ideias conscientes relacionadas a afetos desprazerosos. Para usar o mesmo exemplo futebolístico, pensemos como se afetou o torcedor aficionado pelo Santos

Psicanálise e neurociências: um diálogo possível?

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Marcadas por significativos avanços do conhecimento neurocientífico, as últimas décadas propiciaram exames complementares cada vez mais reveladores sobre o complexo funcionamento do sistema nervoso e suas diversas relações com os demais sistemas orgânicos do corpo humano. Há quem advogue que essas fantásticas descobertas reforçam um determinismo biológico das doenças neurológicas e dos transtornos mentais, o que poria fim às ideias e teorias psicanalíticas. De outro lado, há quem argumente contra tal reducionismo, enfatizando que a condição humana escapa dos alicerces puramente biológicos e demonstrando que o progresso das neurociências confirma muitas das hipóteses de Freud, formuladas numa época em que os aspectos tecnológicos da Medicina eram certamente mais limitados. A proposta do encontro de Psicossomática Florianópolis registrado no vídeo a seguir foi justamente explorar a possibilidade de um diálogo entre esses dois campos de saberes: a Psicanálise e as Neurociências. Apostamos

Uma breve crônica da medicina moderna

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“Doutor, eu posso te processar se você não pedir o exame pra mim.” Foi exatamente assim, em tom de ameaça, que uma mulher jovem, de 20 e poucos anos, falou comigo recentemente em consulta, quando inicialmente recusei solicitar uma ressonância magnética de crânio para ela. Esse caso me fez pensar e refletir sobre diversos assuntos. Boa oportunidade, portanto, para escrever e registrar algumas ideias. Vejamos. O exame mencionado, supostamente indicado por outro médico, segundo informou a jovem, seria para “investigar sequelas neurológicas da Covid-19”. No entanto, se a história é verídica, o colega sequer se deu ao trabalho de formalizar a solicitação, talvez por saber, em seu íntimo, que era absurda. Não porque sequelas neurológicas dessa doença inexistam, mas porque a mulher em questão apresentava inespecíficas e eventuais p arestesias (“formigamentos”) , queixas somáticas claramente incompatíveis com doença neurológica na ocasião, tendo em vista também que o exame físico era normal e