O desejo e a melhor versão de nós mesmos
Encarar tal indagação pela perspectiva da psicanálise passa pela via do conceito de desejo, que, em linhas bem gerais, indica nossas formas individuais de movimento em direção àquilo que nos atrai com todo nosso ser, ou seja, de corpo e alma. Numa análise apostamos na força do desejo, ainda que, num primeiro momento, talvez ele não esteja facilmente reconhecível, especialmente em determinadas circunstâncias clínicas, como a depressão.
O desejo se constituiu de maneira singular em cada um de nós, a depender de como fomos capturados pela linguagem lá na primeira infância. A inserção na linguagem, portanto, está atrelada à qualidade da relação de nossos cuidadores conosco e aos contextos familiar, social, cultural e econômico em que crescemos. Ao pensarmos no desejo, porém, o mais importante é saber que nos tornamos, de certo modo, escravos dessa linguagem pela qual fomos atravessados, formando a cadeia significante sobre a qual deslizaremos o resto da vida.
A propósito, levando em conta esse aprisionamento pela linguagem ao qual estamos fadados, condenados, o nome “cadeia” significante não é por acaso. Lacan, no seminário 6, afirma que a psicanálise nos mostra, essencialmente, o que chamaremos de captura do homem no constituinte da cadeia significante. Essa captura está, sem dúvida, ligada ao fazer do homem. Tudo isso é eminentemente humano exatamente por sermos a única espécie viva sob condições linguageiras.
Para concluir esta breve reflexão: quando se coloca em cena o desejo, como o fazemos ao entrar em análise e verbalizá-lo, deslizando palavras de um significante para outro, passamos a reconhecê-lo, a nos responsabilizar por ele e até a inventar coisas novas para fazer com esse tal desejo. Assim, podemos viver mais genuinamente com o que temos e podemos oferecer de melhor de nós mesmos, ou seja, aquilo que está ligado às propensões do nosso desejo e que é lícito, passível de se realizar sem transgredir o direito do outro no laço social.
O desejo se constituiu de maneira singular em cada um de nós, a depender de como fomos capturados pela linguagem lá na primeira infância. A inserção na linguagem, portanto, está atrelada à qualidade da relação de nossos cuidadores conosco e aos contextos familiar, social, cultural e econômico em que crescemos. Ao pensarmos no desejo, porém, o mais importante é saber que nos tornamos, de certo modo, escravos dessa linguagem pela qual fomos atravessados, formando a cadeia significante sobre a qual deslizaremos o resto da vida.
A propósito, levando em conta esse aprisionamento pela linguagem ao qual estamos fadados, condenados, o nome “cadeia” significante não é por acaso. Lacan, no seminário 6, afirma que a psicanálise nos mostra, essencialmente, o que chamaremos de captura do homem no constituinte da cadeia significante. Essa captura está, sem dúvida, ligada ao fazer do homem. Tudo isso é eminentemente humano exatamente por sermos a única espécie viva sob condições linguageiras.
Para concluir esta breve reflexão: quando se coloca em cena o desejo, como o fazemos ao entrar em análise e verbalizá-lo, deslizando palavras de um significante para outro, passamos a reconhecê-lo, a nos responsabilizar por ele e até a inventar coisas novas para fazer com esse tal desejo. Assim, podemos viver mais genuinamente com o que temos e podemos oferecer de melhor de nós mesmos, ou seja, aquilo que está ligado às propensões do nosso desejo e que é lícito, passível de se realizar sem transgredir o direito do outro no laço social.
Bruno Guimarães Tannus
psicanalista e médico especialista em Medicina de Família
CRM-PR 25429 / RQE 35797
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Fonte da imagem utilizada no post:
Desire-2, oil painting by Rajasekharan
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:DESIRE-2,-OIL_PAINTING.jpg
[acesso em 08 abr 2025]
Excelente reflexão, dr. Bruno e, para "apimentar" um pouco, a célebre pergunta: você quer o que deseja?
ResponderExcluirEstimado Mauricio, que bom ler mais um comentário seu por aqui! A pergunta que você menciona é tão célebre que inclusive foi título de interessante livro do Jorge Forbes. De fato, penso que é uma pergunta que todos devemos nos fazer.
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