Quando a autonomia do paciente impõe limites (saudáveis) ao médico
Outro dia uma paciente idosa, de 84 anos, apresentou-se ao consultório de uma colega médica para se queixar de cansaço e tosse eventual, pouco produtiva. Ao exame físico, aquela senhora, fumante inveterada, mostrava-se descorada e emagrecida. Isto era suficiente para se cogitar o diagnóstico de câncer de pulmão e tal hipótese fortaleceu-se quando uma tomografia de tórax foi realizada, detectando nódulos pulmonares suspeitos. A partir dali, a investigação confirmatória exigiria exames mais invasivos, como uma broncoscopia. A senhora, no entanto, recusou-se a prosseguir, apesar de a médica ter-lhe sugerido sobre a importância de novos exames. E agora, o que fazer? Estamos diante de um dilema que ultrapassa as fronteiras do conhecimento objetivo da medicina, corroborando a fala de Cecil G. Helman quando ele diz que a perspectiva por vezes limitada de doença na medicina moderna, com sua ênfase em dados físicos quantificáveis, pode ignorar as várias dimensões dos sentidos – psicológico,...